AVM com Marcos Adorno ( http://morfologiainteressante.blogspot.com.br/)
Processos
Morfológicos: “é a associação de dois elementos
mórficos produzindo um novo signo linguístico”, segundo Petter. É interessante
que esses processos parecem operações matemáticas! Vamos conferir!
Processo de Adição - Quando um ou mais morfemas é
acrescentado à base, que pode ser uma raiz.
Ex: afixos,
sufixo e prefixos, na língua portuguesa e em outras línguas como infixação,
circunsfixos e transfixos - vistos na última postagem.
Processo de Reduplicação–Repetição de fonemas da
raiz, com ou sem modificações. O morfema reduplicado pode aparecer antes, no
meio ou depois, da raiz. Pode, também, repetir toda a raiz ou parte dela. É
visto nas línguas clássicas, latim, grego e sânscrito. Em outras línguas apenas tem o sentido de
intensidade, iteração e distribuição. No português temos como exemplo os termos
“mamãe”, “papai”, “dodói”, usados por crianças pequenas.
Processo de Alternância – Substituição de alguns
segmentos da raiz da raiz por outros, de forma não arbitrária.
Ex: como em:
pus/pôs; fiz/fez; fui/foi; pude/pôde.
Processo de Subtração – Eliminação de segmentos da
base para expressar um valor gramatical. acontece em alguns casos para a
formação de femininos, subtrai-se morfemas dos masculinos.
Ex: órfão/órfã;
irmão/irmã; campeão/campeã.
Alomorfia:
Como Morfema é uma classe de morfes, o conjunto de morfes que representam o
mesmo morfema são seus alomorfes.
Nenhum
alomorfe pode ocorrer no mesmo contexto que outro, o que significa dizer que os
alomorfes de um morfema devem estar em distribuição complementar, ou seja,
alomorfia é a variação de um morfema
sem mudança no seu significado.
Ex: Infeliz,
imoral - tanto "in" de infeliz, quanto "i" de imoral, tem o mesmo significado, de negação. Assim, podemos dizer que ocorreu o fenômeno
de alomorfia, como já citado, a função e significado permaneceram os mesmos,
apenas mudaram as formas.
Outros exemplos são as diferentes formas de plural,
como em “mesa/mesas” e “país/países”, em que há alomorfes do plural, um é {-s}
e ou outro {-es}.
Morfema
Zero:
Segundo Petter (2010) A noção de morfema
zero deve ser postulada com bastante parcimônia. Gleason (1961 :80),
pode-se dizer que há morfema zero somente quando não houver nenhum morfe
evidente para o morfema, isto é, quando a ausência de uma expressão numa
unidade léxica se opõe à presença de morfema em outra, como se depreende da
comparação das formas verbais (Kehdi, 1993:23):
Ex: falávamos
falava
Nesse
caso pode-se destacar o morfema {- mos} como expressão de primeira pessoa do
plural. Quanto a “falava”, a forma de primeira e terceira pessoa do singular
não se identifica, ou seja, a ausência de marca que expressa a pessoa e o
número; portanto é o morfema zero.
Kehdi
formulou o morfema zero:
1º - é preciso que o morfema zero corresponda a um
espaço vazio.
2º - esse espaço vazio deve opor-se a um ou mais
segmentos (no exemplo usado acima, o morfema zero de falava contrapõem-se ao {-
mos} de falávamos).
3º - a noção expressa do morfema zero deve ser
inerente à classe gramatical do vocábulo examinado. Em nosso exemplo, as noções
de número e pessoa existem obrigatoriamente em qualquer forma verbal
portuguesa.
Podemos considerar o morfema zero presente nos
alomorfes de plural. Pois para além dos casos em que se acrescenta /-s,-es,-is/
existe o caso de palavras que possuem o “s” em seu final, como a palavra pires.
Ex: O pires
/ Os pires - o sentido de plural atribuído ao termo do segundo exemplo é
justamente a presença do morfema zero.
Agora vai um
exemplo de um dos temas abordados.
Na tirinha,
temos um exemplo do processo de reduplicação, que como já explicado, na língua
portuguesa, é utilizado quando ainda somos pequenos, os exemplos são, o
“papai”, “mamãe” e o engraçado é visto no último quadrinho, quando ela chama o
cachorro de “cacá”, usando como exemplo as duas primeiras palavras, que sofrem
uma repetição de fonemas da raiz.