domingo, 14 de julho de 2013

Processos Morfológicos, Alomorfia e Morfema Zero


Processos Morfológicos: “é a associação de dois elementos mórficos produzindo um novo signo linguístico”, segundo Petter. É interessante que esses processos parecem operações matemáticas! Vamos conferir!

Processo de Adição - Quando um ou mais morfemas é acrescentado à base, que pode ser uma raiz.

Ex: afixos, sufixo e prefixos, na língua portuguesa e em outras línguas como infixação, circunsfixos e transfixos - vistos na última postagem.

Processo de Reduplicação–Repetição de fonemas da raiz, com ou sem modificações. O morfema reduplicado pode aparecer antes, no meio ou depois, da raiz. Pode, também, repetir toda a raiz ou parte dela. É visto nas línguas clássicas, latim, grego e sânscrito.  Em outras línguas apenas tem o sentido de intensidade, iteração e distribuição. No português temos como exemplo os termos “mamãe”, “papai”, “dodói”, usados por crianças pequenas. 

Processo de Alternância – Substituição de alguns segmentos da raiz da raiz por outros, de forma não arbitrária.

Ex: como em: pus/pôs; fiz/fez; fui/foi; pude/pôde.

Processo de Subtração – Eliminação de segmentos da base para expressar um valor gramatical. acontece em alguns casos para a formação de femininos, subtrai-se morfemas dos masculinos.

Ex: órfão/órfã; irmão/irmã; campeão/campeã. 





Alomorfia: Como Morfema é uma classe de morfes, o conjunto de morfes que representam o mesmo morfema são seus alomorfes.
Nenhum alomorfe pode ocorrer no mesmo contexto que outro, o que significa dizer que os alomorfes de um morfema devem estar em distribuição complementar, ou seja, alomorfia é a variação de um morfema sem mudança no seu significado.

Ex: Infeliz, imoral - tanto "in" de infeliz, quanto "i" de imoral, tem o mesmo significado, de negação.  Assim, podemos dizer que ocorreu o fenômeno de alomorfia, como já citado, a função e significado permaneceram os mesmos, apenas mudaram as formas.
Outros exemplos são as diferentes formas de plural, como em “mesa/mesas” e “país/países”, em que há alomorfes do plural, um é {-s} e ou outro {-es}.



Morfema Zero: Segundo Petter (2010) A noção de morfema zero deve ser postulada com bastante parcimônia. Gleason (1961 :80), pode-se dizer que há morfema zero somente quando não houver nenhum morfe evidente para o morfema, isto é, quando a ausência de uma expressão numa unidade léxica se opõe à presença de morfema em outra, como se depreende da comparação das formas verbais (Kehdi, 1993:23):

Ex: falávamos
falava

Nesse caso pode-se destacar o morfema {- mos} como expressão de primeira pessoa do plural. Quanto a “falava”, a forma de primeira e terceira pessoa do singular não se identifica, ou seja, a ausência de marca que expressa a pessoa e o número; portanto é o morfema zero.

Kehdi formulou o morfema zero:

1º - é preciso que o morfema zero corresponda a um espaço vazio.
2º - esse espaço vazio deve opor-se a um ou mais segmentos (no exemplo usado acima, o morfema zero de falava contrapõem-se ao {- mos} de falávamos).
3º - a noção expressa do morfema zero deve ser inerente à classe gramatical do vocábulo examinado. Em nosso exemplo, as noções de número e pessoa existem obrigatoriamente em qualquer forma verbal portuguesa.

Podemos considerar o morfema zero presente nos alomorfes de plural. Pois para além dos casos em que se acrescenta /-s,-es,-is/ existe o caso de palavras que possuem o “s” em seu final, como a palavra pires. 
Ex: O pires / Os pires - o sentido de plural atribuído ao termo do segundo exemplo é justamente a presença do morfema zero.
  

Agora vai um exemplo de um dos temas abordados.






Na tirinha, temos um exemplo do processo de reduplicação, que como já explicado, na língua portuguesa, é utilizado quando ainda somos pequenos, os exemplos são, o “papai”, “mamãe” e o engraçado é visto no último quadrinho, quando ela chama o cachorro de “cacá”, usando como exemplo as duas primeiras palavras, que sofrem uma repetição de fonemas da raiz.